Siro Darlan, desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e membro da Associação Juízes para a Democracia.
O perfil das crianças e adolescentes disponibilizados para adoção internacional sofreu uma mudança significativa, uma vez que os brasileiros passaram a adotar crianças maiores, com comprometimento de saúde e grupos de irmãos. Assim, as crianças e adolescentes, para as quais não se obteve sucesso na identificação de pretendentes nacionais, na maioria das vezes, são aquelas que vivenciaram mais de um abandono, passaram por violências de diversas naturezas ou possuem problemas de saúde, físico ou mental, além das que compõem grupos de três ou mais irmãos de difícil possibilidade de inserção em família substituta nacional.
Com esse cenário os organismos credenciados a atuarem no Brasil estão sendo instados a mudar os critérios para que os adotantes internacionais sejam dotados de informações reais que efetivamente auxiliem na reflexão e preparação para adoção de crianças/adolescentes, facilitando a inserção destas no contexto da família substituta estrangeira.
Importa ressaltar a importância da preparação das crianças/adolescentes para compreenderem suas histórias pregressas e a possibilidade de uma mudança de cultura, idioma e costumes pelas quais irão passar e, desta forma, melhor acolhimento de uma nova vinculação familiar.
O estágio de convivência na adoção internacional é de fundamental importância, porque embora um período curto e intenso, além de bastante crítico de teste e provas de ambos os lados, deve facilitar a interação entre adotados e adotantes. Para facilitar o estabelecimento de um vínculo de confiança, faz-se necessária uma intensa colaboração dos profissionais do juízo no acompanhamento do estágio e da interação entre os interessados.
Assim como já há os Grupos de Apoio à Adoção que tem sido fundamental para quebrar tabus, aumentar o número das adoções bem sucedidas também seria bom estender esse apoio aos adotantes estrangeiros, uma vez que a experiências daqueles que já adotaram enriquece e apoia os mais inexperientes. O sucesso de um estágio de convivência bem sucedido pode ser fundamental para o sucesso da integração das crianças/adolescentes em suas novas famílias.