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A intolerância e a ignorância – por Siro Darlan
MAZOLA, 15 horas ago 0 3 min read
Por Siro Darlan –
O filme QUANDO OUSAMOS EXISTIR é uma história do Movimento Lgbti brasileiro de Cláudio Nascimento e Marcio Caetano, revive a intensa luta político-cultural pela liberação e afirmação LGBT na década de 1970, até as primeiras ações de promoção da cidadania nos anos 80. Em mais de 40 anos do movimento LGBT brasileiro, suas ações confundem-se com as mudanças da democracia no país. O documentário já ganhou o prêmio de Melhor Filme LGBT no Festival de Estocolmo, na Suécia.
Esse filme cruza a história do Brasil com a emergência das lutas por direitos sexuais no nosso país, afirma Marcio Caetano, um dos diretores do documentário e professor da Faculdade de Educação da UFPel.
A importância dessa obra está em chamar a atenção do país da pluralidade de sujeitos envolvidos na luta pela democracia. Isso não é fruto de uma luta específica de segmentos da sociedade, mas tiveram muitos outros segmentos que precisam ser reconhecidos enquanto sujeitos políticos dentro dessa trajetória. O documentário procura dar voz a esses sujeitos. Pouco se conhece sobre a emergência desse movimento social que, em pouco mais de 40 anos ressignificou os modos como a população brasileira visualiza as identidades políticas de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais.
É preciso refletir muito sobre o sangue derramado por inúmeras vítimas desse tipo de intolerância. O homicídio de pessoas LGBTQUIA+ cresceu quase 42% no ano passado.
Casos de estupros também aumentaram mais de 40%, somente em 2023 atingiu 354 vítimas. Os assassinatos de pessoas LBTQIA+ tiveram um aumento de 41,7% em 2023, de acordo com informações do 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta quinta-feira (18). No ano passado foram 214 homicídios dolosos, quando há intenção de matar.
Um dado que chama atenção é o aumento de mais de 40% nos casos de estupro. No ano passado, foram 354 vítimas. Mato Grosso do Sul lidera o ranking com um crescimento de 200% nos números.
Outro destaque é o racismo por homofobia e transfobia, que também teve aumento expressivo, de 783 casos em 2022, pulou para 2.090 em 2023, o que significa um crescimento de 87,9%. A lesão corporal dolosa subiu 21,5%.
A média dos registros de racismo por 100 mil habitantes foi de 5,7, sendo que sete estados superaram essa marca. No topo da lista estão os estados da Região Sul, Rio Grande do Sul e Paraná, com taxas de 26,3 e 14,0 respectivamente. Na sequência aparecem Sergipe (13,5), Goiás (8,1), Mato Grosso do Sul (7,5) e Acre (5,9).
Quando ousamos existir é o retrato que a sociedade precisa relembrar. Para não repetir as mesmas violências e violações que a população LGBTI+ foi submetida nos períodos mais duros e longos da humanidade. Os exemplos de vida e caminhada da primeira geração do movimento LGBTI+ nos convoca a continuar na luta por um país livre da LGBTIfobia e do ódio.
Nunca foi tão necessário reviver essas histórias que nos convocam através do seu pioneirismo.
SIRO DARLAN – Advogado e Jornalista; Editor e Diretor do Jornal Tribuna da imprensa Livre; Ex-juiz de Segundo Grau do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ); Especialista em Direito Penal Contemporâneo e Sistema Penitenciário pela ENFAM – Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados; Mestre em Saúde Pública, Justiça e Direitos Humanos na ENSP; Pós-graduado em Direito da Comunicação Social na Universidade de Coimbra (FDUC), Portugal; Coordenador Rio da Associação Juízes para a Democracia; Conselheiro Efetivo da Associação Brasileira de Imprensa; Conselheiro Benemérito do Clube de Regatas do Flamengo; Membro da Comissão da Verdade sobre a Escravidão da OAB-RJ; Membro da Comissão de Criminologia do IAB. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2019 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do Jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.
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