Brizola Em Cima da Hora – por Siro Darlan

O Grêmio recreativo Escola de Samba Em Cima da Hora vai levar para a Marquês de Sapucaí o enredo “A Nossa Luta Continua!”, uma ode ao trabalhismo no Brasil. (Imagem: Divulgação)COLUNISTASPOLÍTICABrizola Em Cima da Hora – por Siro Darlan MAZOLA9 horas ago 0  4 min read

Por Siro Darlan –

Estava dando uma entrevista no programa Mistureba do radialista Max na Radio da Federação de Futebol do Rio de Janeiro quando conheci o samba enredo da Escola de Samba Em Cima da Hora para o carnaval de 2024 cujo título é instigador “A luta continua”.

O enredo é uma homenagem ao trabalhismo e ao povo que construiu e continua construindo nossas riquezas com seu labor diário. O Carnaval tem essa característica de educar e instruir o povo humilde através dessa bela ópera popular que se desenrola na Passarela do Samba.

Ensaios técnicos da Em Cima da Hora. (Foto: SRzd/Wallace Safra)

É bom recordar que esse é o 40º ano desse palco iluminado que abriga o maior espetáculo da Terra e cujos protagonistas são o povo trabalhador das favelas e periferias. Antes amontoados em construções precárias que todos anos paralisavam a cidade por semanas numa monta, desmonta de arquibancadas, com custos elevadíssimos, e instrumento de desvios de verbas públicas incalculáveis, resolvidas pela administração de Leonel Brizola, que com a genialidade de Darcy Ribeiro e Oscar Niemeyer levantaram em tempo recorde a Passarela do Samba, sempre criticados pelos amigos do alheio e do capital voraz que reclamavam do custo dessa obra artística e educacional.

Venceram os geniais Brizola/Darcy e proclamaram a Apoteose do Samba que há 40 anos encanta o mundo com os artistas populares, trazendo luxo e riqueza para a Cidade Maravilhosa, que se transforma no palco mais alucinante do Planeta Terra. Não sei se intencionalmente, mas os arquitetos da folia da Em Cima da Hora planejaram um enredo que brincando carnaval nos exorta a exaltar as qualidades do trabalhismo originalmente implantado em nossa política administrativa pelo Presidente Getúlio Vargas. Como Vargas corajosamente fez, a Em Cima da Hora nos convida: “Brava gente brasileira é tempo de revolução”. Não há coincidência, mas quem carrega alegremente o Pavilhão da Em Cima da Hora são os Mestre Sala e Porta Bandeira Marquinhos e Winie, ela mesma lembrando Mandela, proclama: ”Movimento sindical pra dobrar a ditadura” e “Pra proclamar libertação”.

Quatros anos sem Oscar Niemeyer, o arquiteto dos Cieps - PDT
Darcy Ribeiro, Leonel Brizola e Oscar Niemeyer. (Foto: PDT)

Também não por acaso que a letra proclama os símbolos do Partido democrático Trabalhista: “A voz de um país, o povo na rua/ Nossa luta continua fazendo escola/ Reflete Paris: O vermelho da flor/ Dignidade não é esmola”. A democracia do povo na rua fazendo escolas como fez Brizola e sua vida administrativa toda e elegendo como símbolo a rosa vermelha, símbolo do brizolismo, assim como o lenço vermelho-maragato.

Fiquei muito emocionado vendo o povo humilde e trabalhador resgatando a luta do trabalhismo, sufocado pelos últimos governos que destruíram direitos trabalhistas e sociais. Somos chamados à responsabilidade de retomar essas causas em defesa do trabalhador que “ Lá do morro vi o Sol em primavera/ Onde o trem vence quimeras/ Trabalhar, realidade/ Labuta que aprendi desde menino/ Ao descer a Zeferino e ir pro centro da cidade/ Perdi meu coração nas engrenagens/ E no fim dessa viagem baldeada de ilusão.

40 anos passados… A Passarela Professor Darcy Ribeiro, popularmente conhecida como Sambódromo, é um projeto de autoria do arquiteto Oscar Niemeyer e foi inaugurada em 1984 durante o primeiro governo fluminense de Leonel Brizola, 1983-1987. (Reprodução)

Marquei o ponto, mas rasguei minha carteira/ Brava gente brasileira é tempo de revolução”. Homenageando o Presidente João Goulart que tanto como Ministro do Trabalho, quanto como Presidente da República, ofereceu seu sacrifício para manter a paz no Brasil e acabou assassinado pelo exílio que esmagou seu coração dilacerado.

Devemos ter gratidão e reconhecimento por esses poetas do povo, artífices de toda Revolução pacifica e justa por trazer para o palco de Leonel Brizola e Darcy Ribeiro, no 40º aniversário da Passarela do Samba esses valores da democracia, e assumir a responsabilidade de atender a seus clamores para retomar a Bandeira das causas sociais e democráticas.

Com a palavra o Presidente Lupi para receber das mãos de Winie essa valorosa bandeira e mensagem!

SIRO DARLAN – Advogado e Jornalista; Editor e Diretor do Jornal Tribuna da imprensa Livre; Ex-juiz de Segundo Grau do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ); Especialista em Direito Penal Contemporâneo e Sistema Penitenciário pela ENFAM – Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados; Mestre em Saúde Pública, Justiça e Direitos Humanos na ENSP; Pós-graduado em Direito da Comunicação Social na Universidade de Coimbra (FDUC), Portugal; Coordenador Rio da Associação Juízes para a Democracia; Conselheiro Efetivo da Associação Brasileira de Imprensa; Conselheiro Benemérito do Clube de Regatas do Flamengo; Membro da Comissão da Verdade sobre a Escravidão da OAB-RJ; Membro da Comissão de Criminologia do IAB. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2019 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do Jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.

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