Encontro com a Justiça, 20 anos – por Siro Darlan
MAZOLA, 13 horas ago 0 3 min read
Por Siro Darlan –
Fui posentado compulsoriamente por cumprir a lei ao deferir benefício a preso doente, que uma vez preso outra vez faleceu.
Hoje é dia de São Francisco, o santo do amor incondicional, cujo apostolado foi amar sem limites todos os seres da natureza. Nessa data em 2004 quatro magistrados Rogerio de Oliveira, Antônio Carlos Esteves, João Batista Damasceno e Siro Darlan iniciaram uma caminhada jornalística que visava dialogar com a população com linguagem accessível debatendo sobre assuntos ligados à Justiça e a atuação do Judiciário brasileiro. O primeiro programa foi no dia 4 de outubro, Dia de São Francisco, na Rádio Família, uma rádio evangélica, administrada pelo Pastor Gleiber de Andrade, um líder espiritual de mente aberta que nunca fez qualquer tipo de censura a nossos temas e convidados.
O programa Encontro com a Justiça consistia em trazer convidados para debater sobre diversos temas como diversidade sexual, direito à livre manifestação do pensamento religioso, segurança público com respeito aos direitos fundamentais e os temas mais polêmicos e controvertidos com perguntas dos ouvintes, sempre transmitido pela Rádio família e por nosso canal no Youtube, sob a batuta de nosso Maestro Celso Goulart.
Nossos convidados sempre foram da primeira linha de suas respectivas profissões. Contamos com a colaboração de jornalistas de grande talento como Claudia Cataldi, Marcia Góes e convidados como Professor Tarcísio Motta, Marielle Franco, desembargadores e juízes, promoveu-se um debate entre os desembargadores candidatos à Presidência do Tribunal de Justiça, Corregedoria e Vice-Presidências onde dispunham sobre seus programas de administração.
Posteriormente o programa foi transferido para a Rádio Manchete, Rádio Catedral e no estúdio próprio no gabinete do Tribunal de Justiça. O programa atravessou crises políticas, sociais e judiciais, cobrindo a pandemia, a lava jato e seus agentes torturadores que também perseguiram os líderes do programa, a Revolta Popular de junho de 2013, sempre informando e debatendo os temas com isenção e compromisso com a verdade.
Essa iniciativa que hoje completa 20 anos de efetivo compromisso com a comunicação talvez tenha sido a única experiência de diálogo de magistrados diretamente com a população, com linguagem simples sem o uso do “juridiquês”, dialeto usado para manter distante o povo do judiciário, um poder ainda aristocrático, que decide de costas para os interesses da justiça social e da distribuição de rendas para a população mais pobre.
Um poder que se assoberba quando tem que cumprir sua missão de manter os privilégios e mordomias, que cada vez mais faz com que juízes pensem que são “deuses” e desembargadores tenham certeza disso.
SIRO DARLAN – Advogado e Jornalista; Editor e Diretor do Jornal Tribuna da imprensa Livre; Ex-juiz de Segundo Grau do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ); Especialista em Direito Penal Contemporâneo e Sistema Penitenciário pela ENFAM – Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados; Mestre em Saúde Pública, Justiça e Direitos Humanos na ENSP; Pós-graduado em Direito da Comunicação Social na Universidade de Coimbra (FDUC), Portugal; Coordenador Rio da Associação Juízes para a Democracia; Conselheiro Efetivo da Associação Brasileira de Imprensa; Conselheiro Benemérito do Clube de Regatas do Flamengo; Membro da Comissão da Verdade sobre a Escravidão da OAB-RJ; Membro da Comissão de Criminologia do IAB. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2019 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do Jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.
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