O Bom Samaritano.

Siro Darlan, Juiz de Segundo Grau do TJRJ e Membro da Associação Juízes para a Democracia

            A Bíblia nos conta que um dia um perito da Lei quis por Jesus à prova perguntando quem era o mais próximo. Em resposta Jesus contou a história do Bom Samaritano (Lucas-27-28). Pois bem, depois de enveredar na leitura do Livro de Jó, nesses tempos de ódio e ausência do bem no coração dos homens e mulheres pandêmicos, vivenciei no pandemônio que se transformou minha vida a história do Bom Samaritano.

            Havia caído nas mãos de assaltantes, quando caminhava na estrada da Constituição e das Leis. Foram-me arrancada a Toga que conquistara através do republicano do concurso público, haviam me retirado a reputação através de uma exposição midiática de um processo sigiloso, afastaram-me das funções públicas num absurdo cumprimento de pena antecipada, meus parcos bens sequestrados, meu soldo reduzido a um terço, prenderam meu filho a uma tornozelera há um ano sem qualquer fato típico, ou seja atingiram pessoas inocentes para aumentar o meu suplício, quatro vezes invadiram minha privacidade às 6 horas da manhã, com um batalhão de fotógrafos e repórteres na porta de casa. Nada do que procuravam acharam, porque nada tinha, teve, ou terá.

            Quando estava estirado no chão, quase morto fisicamente, porém assassinada minha reputação, passou um sacerdote, e sabendo ser eu um cristão, mesmo assim passou ao largo. O padre da Igreja que frequento há 65 anos, e onde eu costumava cantar no coro da missa, me dispensou desse prazer de orar cantando. Assim também passaram uns colegas de toga, mas disseram, pisaram na independência funcional dele, mas como não foi comigo, viu e passou do outro lado. Mas, de repente passou um jornalista livre (o Bom Samaritano), e um comunista (o filho do Cavaleiro da Esperança), que estando atentos às práticas de lawfare, logo tiveram sensibilidade, chegaram onde me encontrava, e quando me viram, tiveram piedade, se aproximaram enfaixaram minhas feridas derramando nelas vinho e óleo, depois me levaram para um hospedaria colocando-me em seu próprio animal, e ainda pagaram as despesas.

            Jesus então pergunta ao perito da Lei: “Qual desses três você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes”? O perito da Lei responde: “Aquele que teve misericórdia dele”. Jesus ensina: “Vá e faça o mesmo”. Eu sei que como humano, nada que é humano me é estranho, mas encontrar nesse momento tormentoso de minha vida, a me socorrer Daniel Mazola e Luiz Carlos Prestes Filho, é sinal eloquente de que quando imagino que Deus me abandonou é porque estou nos braços Dele.

            A Tribuna da Imprensa Livre é um jornal totalmente independente, ao contrário dessa mídia hegemônica e precificada pelo capital, que não faz o jornalismo que faziam Barbosa Lima Sobrinho e Hélio Fernandes (100 anos de patriotismo) e seus dirigentes e jornalistas são coerentes com esse pensamento. Por isso abriram para mim um espaço gratuito e reconfortante, onde há dez dias leio os mais fantásticos depoimentos, alguns dos quais nem me reconheço, tamanha a generosidade dos depoentes.

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            Esse resgate da VERDADE e a oportunidade de mostra ao grande público que não sou o réu que forjaram o Ministério Público, a Policia Federal e o relator do processo, os quais à revelia da Constituição e das leis, eliminaram a presunção de inocência para fazerem das palavras de um criminosos ávido de levar vantagem com uma delação inventou um ato de corrupção onde não há o dinheiro que afirma ter sido usado na compra, não há o nome do intermediário dessa negociata, e não há o corruptor, que sendo primário e suspeito de ter praticado um suposto crime sem violência, não tinha qualquer motivo para pagar por um direito que a lei lhe assegura de responder processo em liberdade. Como juiz jamais pratiquei tamanha arbitrariedade que estou sendo vítima.

            Portanto esses são os meus próximos e a eles dedico minha gratidão, esperando que os doutores da Lei sigam os ensinamentos de Cristo, ou, ao menos cumpram o juramento de posse de “Cumprir e fazer cumprir as leis e a Constituição de meu país”.