O Brasil na versão do Professor Darcy Ribeiro: a Revolução de Trinta – por Siro Darlan

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O Brasil na versão do Professor Darcy Ribeiro: a Revolução de Trinta – por Siro Darlan

 MAZOLA2 dias ago  0  4 min read

Por Siro Darlan –

A Tribuna da Imprensa Livre prossegue contando a História do Brasil, na versão do Professor Darcy Ribeiro em seu livro “Aos trancos e barrancos. Como o Brasil deu no que deu”. Editora Guanabara. 1985. Recordar para não esquecer e corrigir.

“Todos se apercebem que a economia está falida. Não só os fazendeiros, os cafeicultores, os banqueiros, mas também os enxadeiros, os operários. Todos. Desespero e agitação. Washington Luís perde o controle das Forças Armadas e até das policiais. Todo mundo conspira”.

“Nestas condições, os “ tenentes”, que vinham se amotinando desde 1922, encontram, afinal, apoio nas classes médias urbanas de militares, profissionais, funcionários, empregados, para lutarem contra a ordem vigente, regida por uma oligarquia centrada no “coronelato” rural, especialmente nos cafeicultores”.

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“ A Aliança Liberal se lança à Revolução com uma declaração cautelosa de Getúlio. Ele descreve a sua luta como “uma contrarrevolução para readquirir a liberdade, para restaurar a pureza do regime republicano e para a reconstrução nacional”.

“No curso da Revolução de 30, a cidade de Itaqui, no Rio Grande do Sul, cria o primeiro soviete brasileiro, destinado a implantar um governo de soldados, operários e camponeses”.

“ Três mil gaúchos de lenço, chapelão e bombacha apeiam no Rio de Janeiro e amarram seus cavalos no obelisco da Avenida Rio Branco, sob o aplauso dos cariocas. O candidato derrotado nas eleições, Getúlio Vargas, assume a presidência e entrega o governo dos estados aos tenentes e a seus aliados civis, que entram logo em disputa entre eles e com a classe política”.

Revolução de 1930 | JK CPDOC

“Com a vitória dos revolucionários se constitui um poder centralista. O governo federal vai deixando de ser o coordenador de forças regionais que exerciam um poder discricionário, através de grupos empresariais de pressão, nas cidades, e dos “coronéis”, para exercer, ele próprio, o arbítrio. Mas abandona, paulatinamente, a postura entreguista e socialmente irresponsável da Velha República, para ir assumindo uma preocupação profunda pelos problemas sociais e um interesse vivo na defesa das riquezas nacionais”.

“Revolução estudantil. Depois de enorme baderna os estudantes belorizontinos conseguem a cassação da autonomia da Universidade de Minas gerais para fazer cumprir o decreto revolucionário que os aprovava sem exame”.

“Prestes lança um manifesto contra o governo revolucionário, conclamando o proletariado urbano, os trabalhadores do campo e as massas miseráveis do sertão a uma luta mais concreta. Adverte que a Revolução de 30 se reduziria a uma mudança de nome dos governantes, se não se lançasse contra o grande proprietário rural e o imperialismo norte-americano. Propunha, assim, uma Revolução Anti-imperialista. Opõem-se, desde então, o prestismo e os outros tenentismos”.

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“No plano político, o poderio da Revolução de 30, entregue na primeira hora aos “tenentes”, é em seguida, devolvido. Acaba se consolidando nas mãos de um patriciado burocrático renovado para exercer uma política nacionalista e uma ação paternalista, tanto sobre o patronato rural como sobre os trabalhadores urbanos. Nos anos de ascensão do fascismo no mundo, Getúlio entra na moda, debilitando ainda mais o patriciado político liberal e fortalecendo o burocrático civil e militar”.

“No plano econômico, o modelo getulista conduziria, no limite, a um capitalismo de estado, de postura nacionalista, frente às empresas estrangeiras, e paternalista em face do patronato rural e do proletariado urbano”.

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SIRO DARLAN – Advogado e Jornalista; Editor e Diretor do Jornal Tribuna da imprensa Livre; Ex-juiz de Segundo Grau do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ); Especialista em Direito Penal Contemporâneo e Sistema Penitenciário pela ENFAM – Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados; Mestre em Saúde Pública, Justiça e Direitos Humanos na ENSP; Pós-graduado em Direito da Comunicação Social na Universidade de Coimbra (FDUC), Portugal; Coordenador Rio da Associação Juízes para a Democracia; Conselheiro Efetivo da Associação Brasileira de Imprensa; Conselheiro Benemérito do Clube de Regatas do Flamengo; Membro da Comissão da Verdade sobre a Escravidão da OAB-RJ; Membro da Comissão de Criminologia do IAB. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2019 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do Jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.

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