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O Brasil na versão do Professor Darcy Ribeiro – por Siro Darlan
MAZOLA, 2 horas ago 0 5 min read
Por Siro Darlan –
A Tribuna de Imprensa Livre, lembrando o Dia do Trabalhador, a visão do Professor Darcy Ribeiro em seu livro “Aos trancos e barrancos, como o Brasil deu no que deu”. Editora Guanabara. 1985. Ao trazer para nossos leitores essas reflexões se pretende homenagear esse incomparável educador brasileiro e buscar alternativas que levem o Brasil a ser a pátria grande, igualitária e justa que ele sempre desejou e trabalhou para alcançar esses objetivos. Lembrar para não esquecer e corrigir, lutando como ele sempre lutou para que o Brasil seja uma grande Nação para os brasileiros que aqui vivem e constroem as riquezas desse país já tão espoliado e roubado em suas principais riquezas.
Darcy sempre combateu os privilégios de poucos em detrimento da maioria faminta e oprimida. O Brasil cada vez privilegia mais os ricos e impede que através da educação o povo alcance uma deseja igualdade de direitos.
Em 1930, “o Brasil entra na nova década com 37,6 milhões de habitantes, afundados na miséria resultante da crise econômica mundial. Regidos desde Wall Street, as crises de lá doem mesmo é cá. O preço da saca de café cai de quatro para uma libra. A média de falências anuais sobe de duzentos para seiscentas. Os salários são reduzidos à metade. Suicídio, desespero: Revolução”.
“A crise do café é a crise de toda a economia brasileira. No café está investida a maior parte do capital, e sua queda leva à bancarrota quase todos os bancos. É também a atividade econômica mais dinâmica, tanto no mercado interno quanto no externo, pelo valor de sua exportação e por toda a importância que ela custeia. Sendo produzido em unidades monocultoras, as fazendas de café são os principais núcleos de consumo das safras de alimentos. É também o café que move o sistema de transportes, que implanta as estradas, as ferrovias e portos, essencialmente para servi-lo. É ainda o café que monopoliza a maior parte das terras agriculturada, ativando não só a que ocupa como aquelas sobre as quais se estão expandindo os cafezais, ainda, as mais longínquas, cujo valor cresce quanto se viabiliza o café. É também com capitais oriundos do café que se fazem industrias, que se urbanizam as cidades e que se mobiliza a vida social. Assim, a crise da economia agroexportadora cafeeira afeta a tudo e a todos, do lavrador enxadeiro ao operário fabril, do financista portuário aos banqueiros e ao empresário industrial”.
“Nos últimos quinze anos os vanqueiros norte-americanos passam os ingleses para trás, emprestando ao Brasil 86,5 milhões de libras, contra 54,3. Londres negociava, principalmente, com o financiamento dos estoques de café, para a política de valorização. Nova Iorque só não emprestava para isto”.
“A Aliança Liberal lança a candidatura de Getúlio Vargas á presidência da República e indica a vice-presidência João Pessoa, o homem do “nego” inscrito na bandeira paraibana ao recusar apoio aos candidatos do Catete contra Júlio Prestes – paulista quatrocentão – e Vital Soares – carcomido baiano -, candidatos oficiais. Estes “vencem”, provocando protestos por desencadear o movimento insurrecional que Antônio Carlos apoia de corpo mole, temeroso, e Getúlio concatena, com vigor e malevolência”.
“Guerra no sertão: cangaceiros chefiados pelo coronel Zé Pereira assaltam e tomam o poder numa cidade da Paraíba e proclamam sua independência como Território Livre da Princesa. Atrás do episódio está a mão do Catete, armando o coronel contra o govenador da Paraíba, João Pessoa, candidato à vice-presidência na chapa da oposição”.
“É fundida em concreto sobre a morraria mais alta do Rio de Janeiro a estátua do Cristo Redentor, que apesar de feiíssima, passa a simbolizar a cidade mais bela da Terra. Na sua inauguração, Marconi aciona pelo rádio, do navio Electra, ancorado em Roma, o sistema de iluminação. Como o sinal chega muito fraco, os engenheiros brasileiros dão uma mãozinha. Gozado é que o mesmo escultor do nosso Cristo, tão católico, fez o monumento da Reforma, em Genebra. Ressonante mesmo foi o brado do cardeal Leme na festa de inauguração: “Ou o Estado reconhece o Deus do povo, ou o povo não reconhece o Estado”.
“Joubert de Carvalho se lança ao estrelato na voz de Carmen Miranda com:
“Taí
Eu fiz tudo pra você gostar de mim.
OH, meu bem, não faz assim comigo não.
Você tem, você tem, que me dar seu coração”.
SIRO DARLAN – Advogado e Jornalista; Editor e Diretor do Jornal Tribuna da imprensa Livre; Ex-juiz de Segundo Grau do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ); Especialista em Direito Penal Contemporâneo e Sistema Penitenciário pela ENFAM – Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados; Mestre em Saúde Pública, Justiça e Direitos Humanos na ENSP; Pós-graduado em Direito da Comunicação Social na Universidade de Coimbra (FDUC), Portugal; Coordenador Rio da Associação Juízes para a Democracia; Conselheiro Efetivo da Associação Brasileira de Imprensa; Conselheiro Benemérito do Clube de Regatas do Flamengo; Membro da Comissão da Verdade sobre a Escravidão da OAB-RJ; Membro da Comissão de Criminologia do IAB. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2019 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do Jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.
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