Oh mundo tão desigual!
Siro Darlan, Juiz de Segundo graúdo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Membro da Associação Juízes para a democracia, Mestre em Saúde Pública, Justiça e Direitos Humanos

No mesmo dia um jornal estampa uma manchete com a glorificação da superação de uma jovem maranhense, de Imperatriz que aos treze anos conquista uma medalha de prata olímpica no Japão. A jovem Raissa Leal eleva o pavilhão nacional em Tóquio e nos enche de orgulho. Na mesma página inicial o jornal estampa outra matéria, que faz do Brasil um campeão em violência contra crianças e adolescentes, noticiando a execução de um adolescente de 13 anos, com 14 tiros, morto por engano.
Recentemente, no dia 23 de julho, relembramos os 28 anos da execução de oito jovens em frente à Igreja da Candelária no Centro do Rio de Janeiro, conhecida como a Chacina da Candelária.
O primeiro fato mostra como seria o mundo se todos praticássemos o respeito aos direitos fundamentais de crianças e adolescentes. Se todas as crianças brasileiras tivessem acesso a uma escola moderna e de qualidade que as alimentasse não apenas de conhecimentos, mas de socialização, respeito e alimentação adequada. Se todas tivessem o respeito da sociedade e de seus familiares, se não fossem criadas em meio à ambiente violento, com violência e exploração.
O segundo episódio mostra nossa realidade de criadouro de violência e desrespeito, de ódio e perseguições que servem de maus exemplos para jovens em processo de aprendizagem e desenvolvimento. Precisamos de mudança sim, precisamos de uma revolução cultural, onde não caibam processo violentos de tratamento desses jovens, onde possam ter o direito de viver sua infância e juventude, de acordo com os costumes de seu tempo.
A mudança há de vir, e só virá quando os adultos responsáveis por colocar crianças no mundo aprenderem a lição do amor, do carinho, do respeito, como único processo de gerar adultos igualmente respeitosos, amorosos e carinhosos. O Estatuto da Criança e do Adolescente tem que ser o referencial para todos e todas administradoras que desejarem uma sociedade civilizada e desenvolvida.