Siro Darlan, desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e Membro da Associação Juízes para a Democracia.
Estudava como bolsista no Colégio Santo Agostinho nos anos 60 quando conheci Frei Antonio ( foto) , um espanhol de Navarra nascido em 1919. Parecia que estava no Brasil desde sempre, pois falava português sem qualquer sotaque. Amava a música e pregava como poucos. Um orador privilegiado que tinha uma linguagem accessível tanto que tinha um programa denominado Sementes de vida eterna as sextas feiras e domingos na Radio Vera Cruz com uma audiência invejável para a época.
Além de professor de matemática, lecionava também música e como aluno de Villa Lobos era sempre o primeiro colocado da turma, com média 9,67 e fora homenageado com a composição de um Hino a Santo Agostinho dedicado pelo grande compositor brasileiro ao querido Frei Antonio. Minha empatia com esse sacerdote foi imediata e passei a contar com suas preciosas orientações espirituais e materiais. Ele estava sempre risonho e simpático, vestido de hábito negro e cingido com a correia da ordem a quem pertence. Sua alegria contagiante e sua retórica fácil e fluente enchiam as missas de domingo para ouvir suas encantadoras homilias.
Sua personalidade dinâmica, cativante e equilibrada foi fundamental para minha formação humanista e equilíbrio nos passos hesitantes da juventude. Era ainda exímio jogador de xadrez e nos estimulava a aprender o jogo como uma forma de abrir a inteligência e robustecer a perseverança.
Conviveu com um câncer durante anos, mas nunca perdeu a alegria e o sorriso permaneceu em sua face enfrentando a doença com a mesma determinação e aceitação, mas nunca entrega. Perdi um verdadeiro Pai, aliás, o único que conheci, mas ficaram seus exemplos e lições de vida. A homenagem que presto a esse sacerdote 13 anos depois de sua partida serve como um resgate da gratidão que lhe devo. Santo Agostinho ao criar sua ordem talvez não imaginasse que seus adeptos iriam trabalhar numa terra tão diferente e plantar sementes tão importantes de solidariedade e fraternidade entre os irmãos leigos e religiosos.
De um contemporâneo para outro:
-creio que falamos de frei Antônio Garciandia;
-um de seus momentos comigo, foi quando lhe perguntei se era espanhol e recebi como resposta muito orgulhosa: ” sou basco!”
Abraços.
Marcos Moraes
Boa Noite, Siro!
Provavelmente você não se lembrará, mas um dia no recreio das aulas no Colégio, você me convidou para ser Coroinha da tradicional Missa das 19:00 hs de domingo, onde Frei Antônio era celebrante, e ali iniciei meu contato com aquela pessoa, que antes de ser um Sacerdote, era um Santo Homem. Embora menino, em torno de treze anos de idade, já dava para sentir que estava diante de um sábio e uma pessoa altamente espiritualizada. Sentia que as pessoas na missa, inclusive eu, ficávamos todos hipnotizados com tamanha profundidade de espiritualidade, saindo de seu coração e alma, através de sua fala. Fica aqui o meu agradecimento por você ter me apresentado uma pessoa como Frei Antônio.
Forte abraço,
Kleber Pereira.
Meu querido Kleber Pereira.
Que bom receber esse seu retorno. Tempos bons com essa convivência com um Santo de nossos dias. Concordo com você. Ele era ~´abio, caridoso e carismático. Sua pregação motivava e elevava todos que ouvíamos. Sinto muito falta dele, mas agradeço pelos ensinamentos que deixou. Obrigado por sua mensagem. Um abraço. Siro Darlan