Educação levada a sério – por Siro Darlan

No centenário do antropólogo, historiador, sociólogo, escritor e político Darcy Ribeiro (26 de outubro de 2022), a Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro inaugurou grafite com Oscar Niemeyer, Leonel Brizola e Darcy. (Fotos: Ascom UENF)COLUNISTASPOLÍTICAEducação levada a sério – por Siro Darlan MAZOLA2 semanas ago 0  4 min read

Por Siro Darlan –

A crise da educação no Brasil não é uma crise; é um projeto. (Darcy Ribeiro)

Quando Brizola e Darcy com a genialidade de Oscar Niemeyer, construíram os CIEPs para cuidar melhor de nossas crianças, algumas vozes se levantaram contra a ideia revolucionária de libertação pela educação afirmando ser uma proposta muito dispendiosa. Ao que Brizola respondeu que cara é a ignorância! E por isso estamos pagando com a violência que nos assola essa argumentação escravocrata. Minha neta Chloe, tem 14 anos e estuda em escola pública no Distrito Escolar de Ravena-Coeymans-Selkirk, uma escola do subúrbio que atende 2.100 alunos nos condados de Albany e Greene no Estado de Nova Iorque – EUA.

Hoje ela está com seus colegas de classe visitando a Espanha como parte complementar de seus estudos, no ano passado visitaram a Costa Rica. Trata-se de uma escola pública secundária, conhecida pela diversidade dos esportes que os alunos e alunas praticam tais como futebol, luta livre, natação, atletismo, cross country, softball, beisebol, golfe, boliche, basquete e vôlei. Os atletas do Coeymans se destacam nacionalmente em futebol e luta livre e também já conqusitaram campeonatos individuais no atletismo. A Escola possue ainda aulas de artes, clube de teatro, francês, FBLA, clube chave, S.A.D.D, G.S.A e clube de jogos.

A educação é diversificada, como se nota e integral, e a proporção professor aluno é de 10 alunos para cada 1 professor. É isso que desejamos para nossas crianças com absoluta prioridade. Isso não é gasto e sim investimento. As crianças brasileiras têm esse direito e chega de postergar.

Não se trata de projetos de pessoas ou politicos. Não foi por acaso que o único político brasileiro que asumiu esse compromisso foi governador de dois estados no Brasil, e só não foi Presidente da República porque as elites egocêntricas o impediram. Brizola e Darcy morreram e entraram para a história como heróis da Pátria, mas seus sonhos continuam e temos a obrigação e tornar realidade. Bob Marley cantava que “As letras das músicas podem ensinar algo ás crianças. Não é apenas diversão. Você não vai conseguir divertir uma pessoa que está com medo ou com fome.”

É urgente que se retirem as crianças desse ambiente de medo e violência, transfomando os espaços onde vivem em espaços de acolhimento e educação amorosa.

As crianças e adolescentes da periferia precisam de escolas em tempo integral que as acolham e deixem desenvolver sua rica cultura musical que herdaram dos antepassados. Não podemos impor a elas uma cultura de medo e preconceito. Assim não se educa ninguem. Mesmo sem a educação, que é direito, nossas crianças mostram que tem inspiração e resistem com seus talentos inatos. As criaças são o mais importante que uma sociedade pode ter. Então a única coisa que podemos fazer é respeitar os seus direitos. É preciso ter amor na educação e exalar esse amor em todas as paredes e por todos os poros dos educadores.

“Enquanto imperar a filosofia de que há uma raça inferior e outra superior o mundo estará permanentemente em guerra. É uma professia, mas todo mundo sabe que isso é verdade”. Já dizia Bob Marley cantando pelo mundo. Um mundo em guerra não é o que desejamos para as crianças, mas uma ecudação liberdadora que conduza ao respeito mutuo e à paz.

O Presidente Lula foi nossa única opção de manutenção da consciência política liberdadora, mas precisa pagar essa divida confessada com Leonel Brizola de construção de uma sociedade com educação integral, sob pena de o processo de ignorância que produziu o boicote aos CIEPs, nos leve de volta aos braços dos facistas que ameaçaram o Brasil.

Só a educação nos salva do retrocesso político.

SIRO DARLAN – Advogado e Jornalista; Editor e Diretor do Jornal Tribuna da imprensa Livre; Ex-juiz de Segundo Grau do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ); Especialista em Direito Penal Contemporâneo e Sistema Penitenciário pela ENFAM – Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados; Mestre em Saúde Pública, Justiça e Direitos Humanos na ENSP; Pós-graduado em Direito da Comunicação Social na Universidade de Coimbra (FDUC), Portugal; Coordenador Rio da Associação Juízes para a Democracia; Conselheiro Efetivo da Associação Brasileira de Imprensa; Conselheiro Benemérito do Clube de Regatas do Flamengo; Membro da Comissão da Verdade sobre a Escravidão da OAB-RJ; Membro da Comissão de Criminologia do IAB. Em função das boas práticas profissionais recebeu em 2019 o Prêmio em Defesa da Liberdade de Imprensa, Movimento Sindical e Terceiro Setor, parceria do Jornal Tribuna da Imprensa Livre com a OAB-RJ.

Envie seu texto para mazola@tribunadaimprensalivre.com ou siro.darlan@tribunadaimprensalivre.com


P