Ciência e Amor.
Siro Darlan, desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e Membro da Associação Juízes para a democracia.
Recebi um convite para um encontro de ex-alunos do Colégio Santo Agostinho no mês de setembro. Estou ansioso para reencontrar depois de décadas pessoas com quem convivi quando adolescentes, ora como aluno, ora como inspetor que fui. Voltou na lembrança aquele tempo tão rico em amizades e conhecimento. A lembrança dos frades como Valentin, o diretor, Juan Manuel, o secretário e professores como Gregório e seus cachorros, o canto orfeônico de Antonio Garciandia, Baudélio, Jose Belmonte, Vicente, Fermin, o craque Bernardino, o eterno amigo das crianças Heliodoro, Henrique, Eulógio, Jose Antonio, e tantos outros que por ali passaram e foram para as missões amazônicas emocionaram-me só de recordar.
O lema do Colégio, Ciência e Amor, vem de Agostinho, um homem nascido em Tagaste, norte da África, atual Argélia, em 345 que influenciou e ainda influencia a educação de muitas pessoas até o presente. Agostinho, chamado o mais Santo dos Sábios e o mais Sábio dos Santos, foi um homem comum, frágil como todos os humanos, soube superar suas fraquezas e engradeceu sua biografia escrevendo livros como suas Confissões, onde assume publicamente essas fraquezas e é um exemplo de superação.
Fundou uma Ordem religiosa que está espalhada por todos os continentes e se dedica à educação e a manter vivo o método filosófico de Agostinho. Conheci muitos frades recém-chegados da Europa, jovens e cheios de amor para distribuir que tinham como destino as missões de Lábrea e do Marajó, onde se enfurnavam na floresta Amazônica e lá viveram os melhores dias de suas vidas educando e cuidando de dar respeito e dignidade às pessoas aonde não chegam políticas públicas e só os frades são capazes de acolhê-los e ensinar o respeito a seus direitos e a dignidade da pessoa humana.
Agostinho conseguiu “cristianizar” a filosofia de Platão a partir da definição dos mundos distintos das ideias e dos sentidos, o qual identificou como o Mundo terrestre e o Céu. Hoje, Frei Beto faz a mesma aproximação quando encontra semelhança na igualdade pregada pelos marxistas como a fraternidade e o respeito ao próximo que a releitura de Cristo fez e que os primeiros apóstolos vivenciaram tornando comum todos os seus bens e valores.
Tais recordações me chegam com o sentimento de gratidão por ter sido contemplado com uma bolsa de estudos no Colégio Santo Agostinho, fato fundamental em minha formação que tem como base educacional a ciência e o amor.
Ao ler essa sua crônica recordei-me de meus tempos de infância, quando também fui aluno do Colégio Santo Agostinho, lá no Leblon. Ingressei naquele educandário no primeiro ano de sua existência (1946), na segunda série primária e o frequentei até concluir o ginásio (1953). Assim como você, também fui coroinha naquela igreja.
Fui aluno de Frei José Belmonte, Frei Antonio, Frei Izidro, Frei Gregório, e tive como diretor Frei Angelo Gorostide, Frei Gastão, Frei Valentim Rejon Sanches.
Foram bons tempos aqueles, quando nas escolas se ensinavam as crianças a serem éticas e morais, a respeitarem os adultos, a distinguir o que era certo do que era errado.
Hoje em dia, ouço comentários de minha filha (que é professora de Belas Artes na FAETEC) a respeito do péssimo comportamento das crianças nas escolas, que não respeitam nem os professores. É muito triste!
Que bom Marlino. Somos agostinianos. Conheci todos esses frades. Siro