Siro Darlan: Flamengo é Flamengo
Rio – O Flamengo viveu momentos de euforia com a eleição de Patrícia Amorim, primeira mulher a assumir o comando do clube de maior torcida do País — e que muitas vezes altera o humor da própria nação brasileira, dependendo de sua performance nos campos esportivos.

Os primeiros momentos foram de intensa esperança. Simbolizavam uma nova maneira de administrar um clube de futebol, destacando o carisma de uma mulher que trazia em seu histórico o símbolo das vitórias dos atletas que vestem o Manto Sagrado Rubro-Negro. Uma atleta que deslizou nas águas da transparência, colecionando medalhas para nossa Nação.

A contratação de Ronaldinho, o Melhor do Mundo por duas vezes, após tentativa frustrada com Zico, maior ídolo do clube, parecia mostrar que estávamos no bom caminho. Ronaldinho chegou após desprezar seu clube berçário, o Grêmio, para declarar que Flamengo é Flamengo, numa animadora opção pelo sucesso.

Passados dois anos e alguns campeonatos, alguns técnicos foram derrubados, mas Ronaldinho, com seu exagerado apego ao dinheiro, deu outra conotação à sua frase inicial. E Flamengo passou a ser um sinônimo da Casa da Mãe Joana, onde ele faz o que quer e não respeita a Nação, que o recebeu tão carinhosamente. A imagem pela qual o Flamengo paga uma fortuna não é preservada pelos seus excessos nada privados, já que ocupam diariamente as páginas dos jornais, não pelos seus parcos feitos esportivos, mas por suas noitadas desrespeitosas à imagem do time que o recebeu.

Pior que sua irresponsabilidade como trabalhador do Flamengo tem encontrado respaldo na falta de comando do clube, que há muito já deveria ter-lhe dado justa causa para rescisão do milionário contrato, onde o atleta recebe tudo, e o clube, nada. Por isso, estamos de férias, para prazer dos torcedores adversários e tristeza dos 40 milhões de rubro-negros.
Siro Darlan é desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e membro da Associação Juízes para a Democracia